terça-feira, 28 de junho de 2011

A IMPERFEIÇÃO DO "EU"

Nos últimos dias Freud tem incorporado em mim. É muita nostalgia quando o psicanalista que mais admiro se apossa de mim. Passo a explanar minhas inquietações, como se fosse Freud. Será que é por isso que Fernando Pessoa inventou tantos Pseudônimos para livrar-se do peso das angustias do EU.
Em alguns momentos tenho sofrido feito um condenado. Sabe como é sentir o “Mal Estar na Civilização”! Mas será que é por que sou pisciano e me configuro para a Astrologia como um sonhado? Não, não... Talvez seja um pornográfico como o Marquês de Sade. Um moralista que corova num palavrão.
Tem sido sensações que desconhecia, pois até minha singularidade fez apologia ao desestruturado superego que personifica minhas atitudes. Mas já estou me sentindo bem melhor. Afinal, sou uma multiplicidade dentro de mim mesmo. Eu sou muito mais do que aquele “sádico pornográfico” tão disseminado por alguns intelectuais. Também não sou óbvio. E isto é uma divergência para a sociedade líquida do Sociólogo Bauman. Contudo, tenho sido um narciso às avessas que algumas vezes cospe na própria imagem de frente ao espelho. Sabe por quê? Por que não estou exalando tédio homicida e não acredito de maneira alguma em honestidade sem altivez e muito menos que Coca Cola no café da manhã faz bem a saúde.

terça-feira, 31 de maio de 2011

O GOZO DE PALOCCI

Depois de idas e vindas a verdade veio à tona. Cinco meses a população brasileira sofreu de uma hipnose coletiva. Que muita gente detesta Lula e não votaria no PT nem sob tortura, é um fato. Mas declararam-se eufóricos com Dilma Rousseff. Afinal, por quê? Ora bolas! Porque ela é mulher? Porque fala pouco? Porque ela não é de bravatas? Sabe o que eu acho? O Brasil avalia seus representantes como se avalia atores de novela no Domingão do Faustão. Afinal, já estamos acostumados com o Showrnalismo, ou seja, a notícia como espetáculo. “Está bom demais no papel”, “Acertou no tom do figurino”, “Se porta bem na mesa do jantar” etc.
Contudo, uma pessoa puxa o tapete em meio a essa esquizofrenia coletiva. Lula, o carismático! E ele fez essa proeza com uma única frase: “Se tirarem o Palocci, o Governo dela vai se arrastar até o final”. Isso não deixa de aliviar o imenso desconforto do povo brasileiro. Afinal, já estava ficando insipiente a calatepcia coletiva. Até aquele danado de Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social – espécie de intervalo para os governantes sentarem na praça e tomarem suas bebidas importadas, onde notáveis intelectuais e representantes do povo se reúnem para fazer o faz de conta – vinha até sendo exaltado como a grande bandeira da administração política de Dilma. Entretanto, o grande salto da administração política brasileira seria mesmo era a indicação do Senado ao prêmio Nobel da hipocrisia.
Mas o Brasil tem mesmo é que se curvar e se rastejar ao Papai Lula pelo esclarecimento antecipado: sem o brilhante Palocci, a administração de Dilma não anda – titubeia. Com todo respeito aos mascarados, aos feministas e de esquerda que acreditam na base sólida do Governo Rousseff. Acredito mesmo é que se continuar do jeito que vai, esse Governo não vai se manter, pois Lula parece está desestruturando as falaciosa vigas de sustentação de Dilma, desestruturada nas próprias estruturas. Torço que o povo brasileiro se curve diante do existencialismo de Sartre, configurando-se como indivisível, gregário e inseparável de posturas políticas que possa contribuir com um Brasil mais justo e democratizado nas suas relações e menos dependentes de discursos políticos assessorados.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

A MAGIA DA INFLAÇÃO

Quem é preocupado com a inflação pode ficar tranquilo. Guido Mantega fez o esclarecimento que se esperava de uma autoridade responsável num momento como este. Pois é! Diante da notícia de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo ultrapassou a meta – batendo em 6,51% ao ano no mês de abril, contra o teto de 6,50% - Mantega explicou que não é nada disso. Segundo ele, a aferição da meta não considera a segunda casa depois da vírgula. Ufa! Estamos salvos.
Mas seria realmente um desastre com a matemática governamental (Opa! Contabilidade governamental), se aquele danado de algarismo petulante causasse o horror que o Doutor Roger Abdelmassih fez com pais de crianças concebidas com sua ajuda, descobrirem não serem biologicamente pais de seus filhos.
Mudando de água para vinho, quem poderia imaginar o dia em que Edison Lobão estaria também na vanguarda de combater à alta dos preços? Pois é! Não existe mesmo pecado do lado de baixo da linha do Equador, nem na segunda casa depois da vírgula. Mas cá para nós, essa casa deve de ser aquela da mãe Joana onde acontece de tudo que o povo brasileiro não precisa saber. Acho que essa tal de casa depois da vírgula tem é o danado de teto furado pela subida tácita da inflação. Melhor mesmo é continuar olhando para a casa antes da vírgula, onde a ética, a moral e os bons costumes ainda parecem permanecer intactos.
Ali ainda não se enxerga a orgia dos gastos públicos pelos nossos governantes, a farofa do crédito populista e os mesquinhos subsídios camuflados pelo Tesouro Nacional que despeja dinheiro na praça, fustigando a inflação. O que é certo mesmo, é que essas cenas escancaradas de um show de administração perdulária só é notória para quem der uma espiadinha pela fresta daquela segunda casa a direita da vírgula.
Contudo, nesse país tropical e abençoado pelas curvas corporais dos “BBBs”, em todas as casas seja antes ou depois da vírgula, em se tratando dos números da inflação vão continuar a obedecer mesmo é ao dono.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

O Belo e o Efêmero Entram em Cena no Conflito da Vida com a Morte

Qual o tempo da eternidade? Como se configura o para sempre? Há tempo certo para morrer? Certa fábula diz que um rei transbordando de felicidade pelo nascimento do seu primeiro neto, convida todos do seu reino a ir ao seu palácio escrever num livro de ouro os bons desejos para a criança.
Um sábio de muito longe escreve: “Morre o avô, morre o pai, morre o filho”. O rei muito nervoso manda prendê-lo no calabouço. Durante o caminho para seu enclausuramento passa pelo rei, e este o amaldiçoa pelas palavras escritas. O sábio responde aos insultos: “Majestade, qual a maior tristeza de um avô? Não é, por ventura, ver morrer seu filho e neto? Felicidade é morrer na ordem certa. Morre primeiro o avô, vendo filhos e netos. Morre depois o pai, vendo seus filhos”. Ouvindo isso, o rei toma as mãos do sábio nas suas e as beija. “Há uma morte feliz. É aquela que acontece no tempo certo”, compreende o rei.
Não foi bem isso o que aconteceu na quinta-feira 07 de abril na Escola Municipal Tasso da Silveira, bairro de Realengo, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Wellington Menezes de Oliveira, ao disparar contra dezenas de crianças, espalha morte a pânico na escola.
Pessoas do Brasil e do mundo ficam estarrecidas com as imagens veiculadas pelos meios de comunicação de massa. O semblante de tristeza, por si só, falavam as dores dos pais pela morte dos seus filhos.
Compreendi, de repente, que as vidas daquelas crianças e de seus pais foram interrompidas como uma música que não foi cantada até o fim. Mas também muitas vezes temos a impressão que a vida é aquela música que gostamos e que deve ser escutada até o fim. Isso está muito errado. Vivemos no tempo, é bem verdade. Contudo, como diz Rubem Alves: “É a eternidade que dá sentido a vida”.
Não estou aqui compartilhando com a postura de Wellington Menezes de Oliveira. Mas chego à conclusão, então, se esses pais viveram momentos belos com seus filhos, vão perceber que cada momento de beleza vivido e amado, por passageiro que tenha sido, foi uma experiência completa que está destinada a eternidade. Não é um Wellington, um João, ou outro qualquer que vão apagar esses momentos das suas memórias.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Descaminhos no Estudo Científico do Jornalismo

Em Jornalismo Opinativo José Marques de Melo partindo da ideia de que os discursos jornalísticos nas suas diversas vertentes engendram lugares simbólicos por onde transita o inconsciente, equaciona com originalidade – considerando as tendências do conhecimento científico no Jornalismo – alguns aspectos fundamentais desse processo comunicativo.
Para tanto, o autor teve a necessidade de confrontar os pressupostos desenvolvidos pelos americanos e europeus, constatando de modo geral que, nos primeiros predominam uma disposição analítica comprometida com a intencionalidade do emissor, enquanto nos segundos ganha mais destaque o estudo das estruturas do conteúdo. Mas, de qualquer maneira, não há dúvidas de que ambas as escolas lidam com os fenômenos da comunicação jornalística deixando fora do circuito à problemática do sujeito e caindo, com frequência, em premissas de natureza sociológica comprometidas, ora com o pragmatismo de uma sociedade consumista, ora com o cientificismo que se legitima em conceitos fechados de verdade.
Em razão disso, e pressentindo a necessidade de centrar sua análise na linguagem, o estudo brasileiro feito por Marques de Melo, Cremilda Medina, entre outros; se estruturam sobre o principio dialético de que para a formulação adequada de um estudo científico no universo comunicacional, as relações entre a linguagem, a comunicação jornalística e o poder, se faz necessário efetuar um deslocamento radical das teorias atreladas ao socialismo contextual e a primazia do significado.
Com esse objetivo, acredito que seja possível perceber, amparando-me em conceitos Lacanianos, que o estudo em jornalismo somente chegará à dimensão do humano no momento em que os estudos se percebam como habitantes da linguagem. Nesse sentido, o pensar científico no seio do jornalismo deixa em evidência que, nos processos de comunicação, tanto o emissor quanto o receptor estão implicados no fundamento da dependência dos significantes da linguagem.
Nessa perspectiva, o discurso jornalístico, enquanto fenômeno da linguagem surge, em princípio, como cadeia significante, como lugar simbólico onde a mentalidade expressiva se organiza de modo a formar unidades indiciais. Assim concebido, o discurso científico na esfera do jornalismo, institui por intermédio dos estudos linguísticos feitos por Lacan, em quatro lugares indispensáveis: o lugar do agente, o lugar do outro, o lugar da produção e o lugar da verdade. Nesse caso, o percurso pressuposto pela cadeia do significante se expressa como um caminho que determina esses lugares e, estes, por sua vez, consubstanciam o conteúdo jornalístico, fazendo com que a ideologia do jornalismo se defina, no complexo jogo das relações com o simbólico.

Bem Vindos

Analítico surge com o intuito de contribuir com uma reflexão sobre a prática jornalística contemporânea. Acredita proporcionar aos profissionais do jornalismo e a todos aqueles que se interessam por essa prática, algumas noções sobre o comportamento do comunicador. Não há, contudo,qualquer pretenção de esgotar o assunto, tão complexo que é em seus meandros.